sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Portugal. tenho vontade de vomitar. na tua boca

Tenho pensado bastante naquele poema do Jorge de Sousa Braga em que o poeta manifesta a vontade de beijar Portugal "muito apaixonadamente. na boca". Os versos vêm-me à cabeça na exacta medida em que tenho quase a certeza de que Portugal sofre de mau hálito, aftas, micose oral e outras doenças do foro estomatológico. Beijar Portugal na boca há-de, pois, ser muito nojento. Não tenho a mais pequena vontade de beijar um país pusilânime que elegeu quatro vezes um indivíduo como Cavaco Silva, a indigna figurinha que nem sequer estará presente nas comemorações da república de que é presidente (e que até já hasteou a respectiva bandeira de pernas para o ar). O Portugal mesquinho, pequenino, paroquial e medroso, o Portugal que há 80 anos venera, elege e teme os mesmos políticos, provoca-me um asco profundo. Penso nesse país que para aí vai em campanhas e sondagens, vejo-lhe a boca aberta, malcheirosa, desdentada — e só tenho vontade de vomitar.